Quando se trata de cutelaria o tipo do aço utilizado é um fator que influencia em praticamente todos os processos. Nesse contexto, o aço 5160 é um dos tipos de aço mais queridos por cuteleiros iniciantes.

Para quem está dando seus primeiros passos em um estilo de vida afiado, escolher o aço correto e saber como utilizá-lo é essencial. Afinal de contas, cutelaria é coisa séria! Sendo assim, hoje vamos falar sobre o aço 5160 e entender um pouco mais sobre a produção de facas e facões.

O uso do aço 5160 na Cutelaria: saiba mais!

aço 5160 para canivetes e facas

O aço SAE 5160 é considerado um aço básico, para você que está procurando iniciar seus passos no mundo da cutelaria. Isso porque, de modo geral, é um tipo de aço que aceita alguns erros mínimos. É claro que, nada grotesco, nada exagerado, mas sim pequenas falhas.

Sendo assim, para quem ainda não tem muita experiência e comete erros básicos, ou para quem ainda tem dificuldade em executar todo o trabalho com extrema precisão, ele pode ser o aço correto. Seguindo as especificações do aço 5160, você irá conseguir um ótimo resultado.

A composição do aço 5160

Esse tipo aço contém em sua composição, aproximadamente, 0,6% de carbono e um pequeno percentual de cromo. A quantidade considerável de carbono presente nesse tipo de aço, oferece uma boa dureza no material.

Ou seja, trata-se de um aço de boa resistência a fadiga e tração. Além disso, possui também uma boa tenacidade, alta temperabilidade e ductilidade. Ao ser temperado, a dureza desse tipo de aço pode chegar até 60 HRc.

Ao realizar o revenimento, essa dureza é reduzida à cerca de 55 ou 56 HRc, o que é aceitável, já que oferece uma boa retenção de fio. Além do cromo e do carbono, aço 5160 também possui um pequeno percentual de manganês.

Normalmente, esse tipo de aço é disponibilizado em barras redondas ou retangulares. Com acabamentos trefilados, fosfatizados, retificados, polidos ou descascadas.Trata-se também de um tipo de aço muito utilizado na produção de molas automotivas.

A alma do aço 5160

Os tratamentos térmicos realizados durante o desenvolvimento de uma faca ou um facão é o que determina a alma do aço. Esses tratamentos normalmente podem incluir o recozimento e a normalização do aço, processos fundamentais na cutelaria.

Quanto ao recozimento e normalização do Aço 5160, é importante destacar que antes de temperar esse tipo de aço é interessante realizar ao menos três recozimentos completos, a fim de avaliar as tensões do aço.

Podemos dizer que o principal tratamento térmico necessário é a têmpera, que procede o revenimento. No caso do aço 5160, a têmpera é de 830 a 850, para garantir uma maior dureza do aço.

Dominar as técnicas do processo de tempera é fundamental para não jogar no lixo todo o trabalho realizado anteriormente. Por isso, o aço 5160 é considerado uma opção vantajosa, ele minimiza os erros e facilita o trabalho do cuteleiro iniciante.

Já o revenimento tem a missão de eliminar as tensões deixadas pela tempera. Para isso, sua lâmina precisará ser aquecida à temperaturas que estiverem a níveis mais baixos que a tempera.

Realizar o tratamento de revenimento é essencial para seu projeto. Caso contrário, você terá uma lâmina fraca, quebradiça, capaz de rachar apenas com uma queda. Em alguns casos, é preciso fazer revenimentos duplos ou triplos, de acordo com o aço utilizado.

Já o sub-zero é um procedimento que deve ser realizado de forma subsequente à tempera.  Afinal, ele funciona, basicamente, como uma continuidade dela. Sua função é aumentar o alcance da transformação interna de estruturas moles e estruturas do aço.

Esse procedimento é realizado com gelo seco e acetona, ou nitrogênio líquido, depende da temperatura escolhida. Vale a pena lembrar que o sub-zero deve ser realizado pouco tempo após a tempera, sendo assim, não dê crédito à procedimentos realizados com semanas de atraso.

Lembre-se te testar a dureza do aço

Uma das grandes características do aço SEA 5160 é a boa temperabilidade, além de ser resistente e conter excelentes propriedades acima de 300ºC. Sendo assim, o pode resultar em excelentes facas de diversos tamanhos e modelo.

Tudo depende da forma como o cuteleiro irá realizar os tratamentos térmicos, da tempera e do revenimento que a lâmina irá receber. Sendo assim, lembre-se de testar a dureza do aço após o término dos processos.

Para isso, passe uma lima no fio da lâmina. Uma boa tempera deverá executar um barulho agudo, sem marcar o aço. Além disso, espera-se que a lima não desbaste a parte temperada com facilidade.

Caso o barulho produzido seja um barulho de grave – e não agudo, como esperado, é um mal sinal. Manter o trabalho assim não irá garantir um material de qualidade por bastante tempo e o fio não irá durar.

Sempre vale a pena repetir o processo de desde a normalização do aço, até chegar ao ponto desejado. Como esperado, trata-se de um aço muito bom para se trabalhar!

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Confira nosso post e saiba quais são os melhores tipos de aços para cutelaria!

Sobre o autor

Junior Dorigatti

Junior Dorigatti

Junior Dorigatti é engenheiro, diretor industrial e sócio responsável pelo desenvolvimento de produtos na Cutelaria CIMO

Especializado em design de produto, o autor trabalha a mais de 20 anos com cutelaria, desenvolvendo mais de 100 projetos de produtos e aplicações no ramo. Entre os seus conhecimentos, a ampla experiência em cutelaria é o destaque - desde detalhes técnicos que vão do tratamento térmico ao design das lâminas.

O autor também conhece as etapas de fabricação de canivetes e facas, desenvolve temas sobre como escolher e identificar o uso correto das lâminas de facas e canivetes, além de fomentar novas tecnologias e inovações da cutelaria.

Para amadurecer o setor de cutelaria nacional, está disposto a fornecer ótimas informações sobre as mais diversas áreas do tema que vão do uso às diferenças dos produtos.

Junior Dorigatti